Okay, você já esteve em uma situação tão tão complicada (ou constrangedora) que só desejou sumir do ambiente como em um desenho animado, deixando um rastrinho de poeira pra trás?
Vou contar uma história sobre como meu avô conseguiu acalmar (ou não?) uma brigada familiar com um simples ato, lá em 2012, há uns 13 anos.
Eu tinha 11 anos, estava pra completar 12 em alguns poucos meses e estava comentando com meus tios o quanto eu estava animada para meu aniversário. Era domingo e, como de praxe, estávamos saindo da casa da minha avó materna, depois de um almoço generoso em família. A casa dela é bem grande, é um sobrado com duas áreas bastante espaçosas e dois lances de escadas.
Eu, minha mãe e meu irmão mais novo estávamos na área da frente, prontos para irmos para casa (que não é muito longe dali), conversando ainda com nossa tia mais nova chamada (ficcionalmente) Filipa sobre alguma coisa relacionada à Netflix.
Okay, a palavra que gerou todo o problema: n.e.t.f.l.i.x.
Existem muitas outras dentro desses 13 anos que geraram guerras civis dentro da minha família, mas isso vou deixar para os próximos blogs (se interessarem a vocês)!
Breve contexto: minha tia Filipa é a mais nova de 3 irmãs, sendo a minha mãe a mais velha e a tia (ficcionalmente chamada de) Couves a do meio. A Filipa ainda morava com a minha avó, nessa época, junto com a Couves. Elas brigavam muito por motivos cômicos e, ás vezes, trágicos, mas era um grande pé de guerra.
Elas duas dividiam a conta na Netflix, com a mensalidade sendo cobrada no cartão da Couves por um longo tempo. Porém, depois de muito risca-faca entre as duas, o namorado da Filipa, Guto, resolveu, então, pagar ele mesmo e mudar a senha da conta, fazendo com que Couves não tivesse mais o acesso.
Okay, contexto dado, voltemos ao fatídico domingo!
Por algum motivo, que eu não me lembro agora, a Filipa voltou para dentro da casa para buscar alguma coisa e, ali no corredor que ligava a área da frente com a de trás, aconteceu o que tinha pra acontecer: o maior dos risca-facas.
Couves interrompeu Filipa e a gritaria começou… e tudo pela bendita (ou seria maldita) troca de senha da Netflix. Couves começou a se aproximar, gritando e fazendo pose de briga. Para defender Filipa, Guto entrou na frente e ameaçou parar qualquer que fosse o ataque do próximo turno de Couves. Ela correu pra dentro, gritando bastante falando que o Guto tinha batido nela, ou coisa assim, e foi para seu quarto, arrumando malas e malas de roupas, dizendo que ia embora.
Meus avós sempre tiveram o costume de, após o almoço, independentemente se ainda haviam parentes em suas casas, subir para o seu quarto e cochilar, na maior tranquilidade do mundo.
Gostaria eu de ter esse nível de preocupação com os outros!
E eles estavam dormindo naquele momento, mas foram brutalmente interrompidos pela briga que começou do completo nada.
Minha avó desceu e, após algumas tentativas de acalmar a situação com civilidade e colocar as roupas da Couves de novo no guarda-roupa, decidiu bater com cabides nas costas da tia Couves. Não foi violento, eu juro, foi mais cômico que violento…
Até porque, na intenção de separar qualquer possibilidade de confronto físico entre as duas, minha mãe tomou todas as cabidadas no lugar de Couves. E eu estava lá na escada vendo tudo, com muita raiva. Eu tinha apenas 11 anos e enxergava o quanto aquela situação toda estava sendo, no mínimo, ridícula. Gritei e gritei também.
Engraçado como o efeito manada é real!
Meu avô, sem paciência nenhuma, desceu as escadas e encontrou Couves gritando qualquer coisa que eu não entendi muito bem, já que estava, agora, na área, esperando meu pai vir “resolver o problemão” (o que meu pai tinha a ver com isso? nada, mas já viu como é a mente de criança).
Quanto mais as pessoas que estavam na casa tentavam resolver o problema, mais ele se inflamava e mais Couves gritava, esfregando qualquer erro que meus avós tivessem cometido com ela em suas caras. Era um papo de dinheiro, de 14 mil reais, de banca em loja que eu nunca entendi e nem estou muito afim de entender.
Com todo aquele calor, criança gritando, cabides voando, tia brigando, meu avô teve a brilhante ideia de se segurar na parede mais próxima e bater com tudo a sua própria cabeça contra ela.
Sim, ele simplesmente bateu a cabeça na parede de propósito e desmaiou.
Sim, a própria cabeça.
O silêncio apareceu e todo mundo ficou com aquela cara de peido escapulido. 10 segundos depois, com meu avô estirado no chão, fingindo um desmaio muito bem interpretado, os gritos voltaram, mas agora com outra temática:
Filipa começou a gritar com Couves, acusando-a de ter matado o seu pai.
Meu avô lá estirado no chão, ainda fingindo desmaio.
Couves, então, se ajoelhou no chão, colocou a mão na cabeça do meu avô e começou a orar, repreendendo demônios e expulsando algum Satanás que ela pensava ter possuído o corpo do meu avô.
Depois de um tempo, ele se levantou e pra mim tudo ficou meio confuso, porque eu só vi tia Couves indo embora e meu avô dizendo que iria vender as rodas do carro para dar os 14 mil que ela queria.
Um grande domingo, com certeza!
Finjam desmaios, galera. Quem inaugurou essas piadinhas de “fingir piadinhas” foi o sr. meu avô. Isso, com certeza, vai tirar vocês de qualquer complicação e eu acabei de mostrar uma prova!
Desligo,
Serpa.
CARA SISKSKSKSKSKSKSKS QUE MALUQUICE EU AMEI